Esgotamento profissional: entenda os riscos para sua saúde
Desde 1974, por meio da contribuição do psicólogo norte-americano Freudenberger, o conceito de se dedicar tanto ao trabalho a ponto de adoecer física e mentalmente foi levado a um novo nível. Ele passou a ser encarado como uma potencial patologia: o esgotamento profissional, ou Síndrome de Burnout. Com o acesso à internet, as pessoas passaram a se familiarizar com o tema — o que pode ser o seu caso —, mas será que você realmente conhece todos os processos relacionados a esse problema?
Se a resposta for negativa, não se preocupe. Neste conteúdo, falaremos sobre o assunto, ajudando na identificação precoce e impulsionando o início do tratamento adequado a cada caso. Boa leitura!
Índice
O que é a síndrome do esgotamento profissional?
O termo se relaciona ao desgaste físico e mental de um indivíduo em função de seu trabalho. Com a chegada da era digital, tanto as empresas quanto os colaboradores passaram a contar com mais ferramentas na hora de realizar tarefas cotidianas.
Ainda que esse fato tenha culminado em mais oportunidades, na automatização de processos repetitivos e na ampliação do acesso à informação, também trouxe alguns desafios.
O maior deles foi a entrega de serviços cada vez mais personalizados ao consumidor — que também está conectado e passou a ser extremamente exigente. Assim, iniciou-se um ciclo que se retroalimenta: o cliente busca soluções completas das empresas, que encaminham a demanda à equipe; em consequência, os profissionais passam a ser cobrados.
O cenário acima até faria sentido se o ambiente de trabalho oferecesse aos colaboradores todas as ferramentas necessárias para executar trabalhos cada vez melhores e alinhados às necessidades do mercado, certo? Infelizmente, esse não é o caso. Dados do IBGE apostam que pelo menos 8 milhões de pessoas que trabalham no país estão insatisfeitas com as condições impostas.
Somente entre 2018 e 2019, 72% dos brasileiros relataram sofrer alguma sequela relacionada ao estresse, segundo uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR). Desses, 32% apresentam sinais da Síndrome de Burnout. Em 2020, em função das condições impostas pela pandemia, o quadro só piorou, o que exige atenção especial ao tema.
Quais são os principais sintomas dessa síndrome?
Com tantos indicativos de que o desgaste pode afetar amplamente a qualidade de vida daqueles que trabalham no Brasil, é importante gerar as condições ideais para que os colaboradores identifiquem os primeiros sinais do esgotamento profissional antes que ele gere problemas mais graves. Sem dúvidas, a melhor delas é o acesso à informação, por isso, é fundamental se atentar aos sinais.
A partir de 2022, a Organização Mundial da Saúde passará a incluir, oficialmente, a patologia na Classificação Internacional de Doenças, ou seja, levará mais direitos àqueles que sofrem com problemas de natureza trabalhista — inclusive, melhorando as condições durante possíveis questões jurídicas.
Para que esse fato seja aproveitado em seu máximo potencial, é essencial conhecer os principais sinais da síndrome, que incluem:
- distanciamento da vida social, visto que o profissional tende a se dedicar mais ao trabalho do que a qualquer outra área de vida, muitas vezes por pressão;
- negação de problemas, ainda que entes queridos tentem apontar sinais claros de mudanças no comportamento;
- fixidez, na tentativa de demonstrar o valor como colaborador e pessoa;
- incapacidade de se desligar do trabalho em outros momentos da rotina;
- fuga de conflitos, em função da exaustão que já traz para casa do trabalho;
- ansiedade e estresse exacerbados;
- sinais claros de desgaste físico, como cansaço inexplicável, alterações no apetite, dores de cabeça e tontura;
- insônia;
- pessimismo ao falar sobre qualquer aspecto da rotina;
- desesperança;
- em alguns casos, depressão.
Os sintomas podem variar conforme o caso e com o manejo que aqueles que estão em seu entorno dão à síndrome. Na maioria dos casos, se as pessoas tendem a minimizar o esgotamento profissional, o quadro pode se agravar. É recomendado que aqueles que perceberem os sinais da Síndrome de Burnout em um ente querido o aconselhem a buscar ajuda.
Como é feito o diagnóstico do esgotamento profissional?
O diagnóstico de esgotamento profissional só pode ser dado por um especialista na área da saúde mental — psicólogo, psicanalista ou psiquiatra. É imprescindível que, aos primeiros sinais da síndrome, o colaborador busque ajuda. A identificação precoce do problema pode impedir que os sintomas se alastrem, sendo controlados desde o início.
Em geral, são necessárias algumas sessões para identificar o problema por completo. Isso acontece em função da rotina estressante de trabalho que assola grande parte dos profissionais de diferentes áreas. Ainda que muitos estejam desgastados, nem todos terão a síndrome, que exige cuidados especiais.
É possível tratar o esgotamento profissional?
Sim. Há tratamento para minimizar ou mitigar os sintomas apresentados. Em linhas gerais, ele será feito por meio de um acompanhamento multidisciplinar, ou seja, que trará sugestões de mudanças positivas em diferentes frentes da rotina do paciente. Ele será estimulado a falar como se sente e, de acordo com suas palavras, poderá encontrar, junto ao especialista, formas de minimizar os impactos do trabalho.
Por se relacionar ao fato do envolvido estar disposto a alterar hábitos de vida, o tratamento dependerá diretamente do colaborador. Ele precisa se abrir às possibilidades, encontrando alternativas que se adaptem à sua realidade. Isso pode incluir atividades no cotidiano, como práticas terapêuticas naturais, yoga, meditação, leitura, entre outras.
As possibilidades de tratamento são variadas. Elas buscarão cuidar de cada diagnosticado de forma personalizada e individual, gerando uma melhoria na qualidade de vida.
Como evitar o Burnout? É mesmo possível?
Sem dúvidas, a melhor prática é a prevenção. Após a síndrome se instalar, será indiscutivelmente mais desafiador tratá-la do que no caso daqueles que começam a perceber os primeiros sinais e já buscam ajuda. Desse modo, é interessante conhecer sugestões que ajudam a evitar o problema. Confira!
Estabeleça rotinas
É comum encontrar pessoas que reagem mal ao mero som dessa palavra, afinal, ter uma rotina equilibrada não é uma tarefa simples.
É incontestável que ela pode ajudar imensamente na realização das tarefas diárias. Pense em uma situação clássica: você acorda de manhã e planeja o dia. No começo, tudo flui bem, mas após uma breve pausa, as atividades passam a se acumular e atrasar. Nessa hora, a sensação é a de impotência. Quanto mais atraso, mais dificuldade você tem para realizar o que vai ficando para trás.
Se você já se sentiu assim, saiba que é algo comum. Esse efeito dominó gera ansiedade, o que impede a realização fluida das tarefas. Ao organizar o dia de acordo com suas próprias necessidades, fica mais simples conquistar bons resultados.
Sendo assim, invista em mapear a sua rotina por um tempo. Entenda quais são os momentos de focar no trabalho, de cuidar das tarefas domésticas, organizar as finanças da casa e descansar, por exemplo. Em seguida, planeje-a de modo customizado, considerando suas particularidades. Uma boa ideia é categorizar as tarefas do dia por prioridade.
Também é possível executar as atividades por dificuldade — as mais simples primeiro. Para muitos, isso gera pequenas sensações de dever cumprido, que aumentam a cada tarefa finalizada. Seja como for, o importante é encontrar uma rotina que funcione bem.
Cuide do corpo
É comum desassociar o corpo das sensações produzidas pela mente. Muitos acreditam, inclusive, que a prática de exercícios físicos de qualquer natureza é ligada apenas à estética, mas isso não é verdade. Basta imaginar a queda na produtividade de uma pessoa que passa o dia com uma grande dor de cabeça. Além disso, não basta tomar um remédio e esperar o problema desaparecer como mágica.
De forma geral, problemas físicos são indicativos que algo não anda bem no organismo, por isso, é recomendado olhar para o corpo sempre de maneira integral — isto é, adotar o hábito de buscar entender os motivos por trás de dores e incômodos no corpo. Algumas vezes, é possível considerar os sintomas que surgem como desconectados uns dos outros, mas dificilmente esse é o caso.
Em adição, tente manter-se em movimento. O exercício é uma prática que regula hormônios, libera substâncias que minimizam o estresse e aumentam o bem-estar, e prepara o organismo para uma rotina de trabalho leve. Busque algo que você goste de fazer e perceba os benefícios!
Foque no cuidado com a mente
É impossível falar sobre esgotamento profissional sem considerar a mente. Hoje, o excesso de informação, o desgaste do cotidiano e a realidade do momento desafiador vivido por todo o mundo na pandemia refletem isso. Sem cuidar desse ponto, as chances de lidar com a Síndrome de Burnout aumentam, impedindo que o trabalhador consiga focar em cada uma das áreas de sua vida com atenção plena.
Encontre práticas que melhorem a sua saúde mental, como terapia, análise, meditação, yoga, acupuntura, leitura, entre outros. Existem diversas alternativas disponíveis, e é importante que todos os profissionais invistam em encontrar as que mais os agradam como forma de prevenção.
Respeite seus limites
O corpo e a mente tendem a dar sinais claros de esgotamento. Quanto mais o colaborador os ignora, mais difícil fica identificá-los. É fundamental observar o organismo de forma integral, evitando desconsiderar sintomas ou mascará-los continuamente com remédios. O respeito aos limites individuais pode ser um aliado no combate à síndrome do esgotamento profissional e a outros desdobramentos graves que ele pode gerar, como a incapacidade temporária.
Observe sua alimentação
O que você ingere faz toda a diferença na capacidade do seu organismo de lidar com situações de estresse e desafios. Pessoas com uma alimentação inflamatória, por exemplo, tendem a produzir menos serotonina, o hormônio do bem-estar. Isso acontece porque o intestino, local em que 95% da serotonina é produzida, tende a sofrer com alimentos como os processados, industrializados, açúcar refinado e trigo.
Adotar uma alimentação de qualidade e priorizar o bem-estar intestinal é outro ponto que vai além da estética. Ela ajuda no foco, na concentração, no equilíbrio da imunidade e na entrega de múltiplos outros benefícios ao colaborador.
Aproveite as pausas
O hábito de levar o trabalho para casa e de estar alerta o tempo todo pode ser um grande estimulador da Síndrome de Burnout. Evite essa atitude, deixando o modo de produtividade no escritório e vivendo o restante do dia com o máximo de leveza possível.
Caso você trabalhe de home office, siga a primeira dica e crie uma rotina que permita que o trabalho fique concentrado em um período predeterminado do dia. Além disso, aproveite plenamente momentos como férias, fins de semana e feriados, descansando e repondo as energias.
Converse com a equipe
Muitas vezes, a honestidade pode ser a maior aliada do trabalhador no combate ao esgotamento profissional. Conversar com os colegas, falar abertamente das dificuldades e delegar tarefas são ações bastante úteis na diminuição dos sintomas.
Alguns profissionais temem se sentir diminuídos ou incompetentes ao fazer isso, mas não é o caso. É melhor produzir menos por um tempo e se manter apto a trabalhar do que prejudicar o corpo e a mente a ponto de se exaurir, certo?
Busque ferramentas que facilitem o dia a dia
Existem dezenas de ferramentas disponíveis para tornar o cotidiano mais leve. As mais conhecidas são as tecnológicas, que organizam a rotina e automatizam processos, mas existem outras que são igualmente capazes de reduzir pressões — como a de precisar prover àqueles que ama. Uma delas é a aquisição do seguro de vida.
Esse contrato traz tranquilidade ao segurado, que sabe que os entes queridos estarão protegidos caso algo saia do planejado. Com isso, o colaborador pode se organizar de forma a otimizar o próprio desempenho, sem deixar a saúde de lado e impedindo que a ansiedade de faltar para com a família o prejudique.
Depressão, Burnout ou estresse: quais são as diferenças?
É importante saber que o Burnout se diferencia de outros sintomas comumente presentes na atualidade, como estresse e depressão. Os três são graves e podem causar más consequências ao profissional, sendo importante buscar ajuda, mas não são iguais.
O estresse é um sintoma originado em momentos de perigo. Ele prepara o corpo para situações ameaçadoras, mas quando está presente de forma crônica, pode gerar quadros de ansiedade generalizada. É recomendado encontrar formas de regulá-lo.
A depressão, por sua vez, é uma de muitas doenças graves que limitam a produção de hormônios e impactam o bom funcionamento do organismo, gerando tristeza profunda e desesperança. Também é possível tratá-la.
A Síndrome de Burnout está intimamente ligada, ainda que não obrigatoriamente, a esses problemas. É fundamental, portanto, preveni-la e buscar ajuda precocemente. Caso não seja possível, é imprescindível lembrar que há tratamento e que o indivíduo pode voltar à rotina normal após passar por ele — mas o diagnóstico é essencial para dar início aos cuidados.
Existem diversas formas de cuidar do corpo, da mente e da fluidez do cotidiano. Esses são passos fundamentais para a minimização do esgotamento profissional, mas também é possível contar com ferramentas que reduzam a pressão do trabalho, como a tecnologia e a contratação de um seguro de vida adequado à sua realidade. Não deixe de buscar essas alternativas para evitar o desgaste contínuo da rotina, combinado?
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