Por que as mulheres pagam menos no seguro?
Não é segredo para ninguém que ao fazer uma cotação de seguro, especialmente para carros, as mulheres pagam menos do que os homens. Mas por que isso acontece? Por que as mulheres são mais favorecidas? E a luta pelos direitos iguais!? Calma que a resposta a essa pergunta não tem nada a ver com gênero ou feminismo.
Na verdade, a resposta tem a ver com estatística. Nos próximos parágrafos eu vou explicar melhor e você entenderá tudo direitinho. Então vamos lá?
Como a cotação de um seguro funciona
Antes de tudo, precisamos entender como a cotação de um seguro funciona. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não existe uma tabela que liga o preço do seguro a um modelo específico de carro. Também não depende da tabela FIPE e muito menos do humor do corretor na hora de fazer a sua cotação.
Na prática, o preço do seguro é definido com base em um cálculo super complexo que relaciona estatística com probabilidade. Nesta equação complexa entram fatores como:
- Idade e sexo do motorista: Motoristas jovens e homens costumam pagar mais pelo seguro. Eles têm fama de se envolverem mais em acidentes.
- Histórico de sinistros: Se o motorista já teve problemas como colisões ou roubos, o seguro pode ficar mais caro. Isso mostra que há mais chances de algo acontecer.
- Onde mora e usa o carro: O lugar onde o motorista vive e dirige afeta o preço do seguro. Áreas com mais roubos ou muito trânsito aumentam o risco de problemas.
- Tipo e ano do carro: O preço do seguro é influenciado pelo valor do carro, sendo maior para veículos mais caros, alvos de ladrões ou com peças raras.
- Cobertura e franquia escolhidas: A cobertura define o pagamento do seguro no caso de problemas. Mais inclusões elevam o preço. A franquia é sua parte no sinistro; maior franquia reduz o custo do seguro.
Com todos esses dados em mãos, é a hora da estatística entrar em campo. Cada seguradora tem a sua própria forma de calcular o preço do seguro. Mas para responder à pergunta do título deste artigo, os fatores “Idade”, “Sexo” e “Histórico de sinistros” contam muito a favor das mulheres.
A mágica da estatística
É importante ressaltar que o preço do seguro é calculado com base em todos os fatores listados acima. Ou seja, não é feito um juízo de valor sobre o segurado. É uma mera questão de estatística.
As seguradoras têm uma imensa quantidade de dados a respeito dos sinistros aos quais atenderam. Ao cruzar todos estes dados, as seguradoras sabem qual o risco de um determinado perfil de motorista se envolver em acidentes.
Por exemplo, com base nas estatísticas, motoristas jovens e do sexo masculino são mais imprudentes e se envolvem mais em acidentes. Isso ocorre tanto pela inexperiência ao volante quanto na ousadia que é natural dos mais jovens. Além disso, as estatísticas mostram que esse perfil costuma estacionar os carros nas ruas, deixando o veículo exposto e desprotegido contra a ação dos bandidos.
Estatisticamente falando, as mulheres são motoristas mais cuidadosas, atenciosas e prudentes. Por isso, elas se envolvem em menos acidentes do que os homens. E mesmo quando acontece algum acidente provocado por uma mulher, eles costumam ser mais leves e não geram PT (Perca Total).
E isso não é uma mera opinião. São fatos apoiados por dados estatísticos de praticamente todos os estudos feitos a esse respeito. Quer um exemplo? Segundo o Departamento Nacional de Trânsito, em 2018, apenas 11% dos acidentes foram causados por mulheres e os homens foram culpados pelos 89% restantes. Em São Paulo, em 2020, apenas 6,3% dos acidentes envolveram motoristas mulheres. No mesmo ano, 91.500 CNHs foram suspensas, sendo apenas 26% de mulheres.
Viu como a disparidade é grande? Além disso, o “bolso” das seguradoras é outro termômetro bem efetivo. Em geral, 70% das indenizações por acidentes de trânsito são pagas para homens. Ou seja, as mulheres, além de serem boas clientes, ainda não dão despesas para a seguradora.
Mulher no volante, prudência constante
Portanto, levando em consideração todos esses fatores, nada mais justo do que as mulheres pagarem menos pelo seguro. O risco delas se envolverem em algum acidente grave é baixo, além delas contribuírem para um trânsito mais gentil.
Então, além delas pagarem menos no seguro, acho que já está na hora também das pessoas esqueceram aquelas piadinhas sem graça do tipo “Mulher no volante, perigo constante” ou “Vai pilotar um fogão!“. Na verdade, esse ditado deveria ser mudado para “Mulher no volante, prudência constante”.